Este blog tem o propósito de ser um espaço para se falar sobre cinema. Dedico este blog à minha mãe, que me ensinou a gostar de filmes com seus faroestes; à Eliara, por ter me levado ao cinema pela primeira vez; ao SR. Fernando, por conhecer tanto cinema; e a Ataídes Braga que me ensinou muito sobre cinema num dos cursos que fiz.
Fiquei devendo uma ficha sobre trabalhos e prêmios de Paulo Halm. Segue lista abaixo:
Diretor
Histórias de amor duram apenas 90 minutos (2009)
O resto é silêncio (2003). Média-metragem. Prêmio de melhor roteiro no Festival de Gramado.
Retrato do artista com um 38 na mão (2000). Média-metragem. (contou com a participação de Rui Guerra)
Bela e galhofeira (1998). Média-metragem.
Biu - a vida real não tem retake (1995). Média-metragem.
Roteirista
Não se preocupe nada vai dar certo (2010), de Hugo Carvana
Histórias de amor duram apenas 90 minutos (2009)
Antes que o mundo acabe (2010), de Ana Luiza Azevedo. Em parceria com Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado e Giba Assis Brasil.
Sonhos roubados (2009), de Sandra Werneck, em conjunto com Michelle Franz, Adriana Falcão, Sandra Werneck, José Joffily e Mauricio Dias.
Olhos azuis (2009), de José Joffily, em parceria com Melanie Dimantas. Prêmio de melhor roteiro no Festival de Paulínia.
A casa da mãe Joana (2008), de Hugo Carvana
Achados e perdidos (2006), de José Joffily. Premio de melhor roteiro adaptado para cinema pela Academia Brasileira de Letras (2006)
Cazuza – O tempo não pára (2003), de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Primeiras versões.
Dois perdidos numa noite suja (2002), de José Joffily
O sonho de Rose - Dez anos depois (2000), de Tetê Moraes
Amores possíveis (2000), de Sandra Werneck
Mauá - O imperador e o rei (1999), Sérgio Rezende
Pequeno dicionário amoroso (1997), de Sandra Werneck
Guerra de Canudos (1997), de Sérgio Rezende
Quem matou Pixote? (1996), de Hector Babenco. Premio de melhor roteiro no Festival de Gramado 1996. (Foi também diretor assistente e produtor executivo)
De repente, o imprevisto veio e me pegou pelo avesso. Passei um bom tempo programando meu dia e executando o programado até que... liguei a TV. A meta era assistir a ‘Manderlay’ (Lars von Trier) e preparar o prometido e tão atrasado post sobre ‘Melancholia’, algumas obras do cineasta dinamarquês e o movimento Dogma 95. Mas, como disse escrevi, liguei a TV e comecei a, despretensiosamente, ver um filme nacional. Passava em um dos canais Telecine. A cena era com o Caio Blat, numa festa, procurando a esposa e achando que ela o traía... com outra. Pronto, naquele momento, precisava saber que filme era aquele e aonde essa história ia terminar.
O filme em questão é ‘Histórias de amor duram apenas 90 minutos’ do premiado roteirista, Paulo Halm. E a história... bem, é cativante, interessante, sensual, envolvente e bem escrita. ‘Histórias’ estreou em março de 2010 e imagino que muitos já o tenham assistido (talvez não). O filme foi classificado como comédia romântica, o que é possível, mas, na verdade, o longa tem proximidade com drama. Definitivamente, não gosto dessas classificações tão usadas/marcadas no cinema americano, quando aplicadas a outras cinematografias. A sensação que tenho é de resumir demais histórias e conteúdos que sempre vão além...
Para mim, é o caso de ‘Histórias’. O filme nos impõe questionamentos diversos sobre amadurecer, trabalho e relações amorosas e... é brasileiro, ou seja, é próximo de nossa realidade. É quando rola a tão falada identificação com o que se vê. O Zeca (protagonista) é o tipo de cara que a gente encontra por aí, mesmo sem conhecer. Júlia e Carol (os outros vértices do triângulo) são mulheres que vemos pelas ruas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, e em outras cidades brasileiras.
Esse foi o primeiro longa da Halm como diretor. Antes, ele só havia feito curtas e médias, além de ser responsável por vários roteiros de sucesso (veja lista com alguns filmes, no final do post). Como grande roteirista, Halm criou personagens sedutores, ‘perdidos’ e sarcásticos e soube escolher muito bem o elenco. Caio Blat foi o Zeca; Maria Ribeiro fez a moderna Júlia; Daniel Dantas interpreta o intelectual amargo Humberto, pai de Zeca; e a argentina Luz Cipriota deu vida à bela, loira (irritantemente bela e loira) e dançarina, Carol.
A narrativa in off trouxe um clima levemente rodriguiano para história. Estamos conhecendo os pensamentos mais íntimos de Zeca. Isso é bem claro, quando na cena em que ele conta ao seu pai o drama vivido, ele custa a se abrir e nós, há tempos, já sabíamos de tudo.
A sensualidade e o erotismo das cenas de sexo não são apelações (como podem pensar alguns) ou desnecessárias. O drama do rapaz, que tem medo de se tornar adulto, envolve paixão, libido e tesão. Ele não consegue escrever seu livro, vive de mesada do pai e da pensão da mãe falecida, e além de tudo, está infeliz. No meio de tudo isso, Zeca se imagina (será só imaginação?) traído pela sua esposa e atraído pela possível amante da esposa. Zeca vive ao extremo as suas paixões. Ao ponto, de numa cena, ele assumir que fisicamente não consegue mais dar conta das duas mulheres. Fico imaginando as opiniões masculinas a respeito...
Além das ruas e praias da Cidade Maravilhosa, o cenário se resume a três apartamentos: o de Zeca e Júlia, o de Humberto e da Carol. A diretora de arte, Renata Ribeiro, que trabalhou com Cláudio Assis nos filmes 'Amarelo Manga' e 'Baixio de Bestas', criou três ambientes tão distintos e característicos que nos fazem mergulhar na essência de cada personagem.Destaco o escritório de Zeca. Estantes de madeiras, cheias de livros se colocam como uma redoma, como se daquela forma, ele conseguisse se inspirar e escrever seu romance.
Ah, para completar, a música Nature Boy (Nat King Cole), interpretada por Caetano Veloso, caiu como uma luva para o Zeca de Caio Blat.
No mais, Halm construiu uma história leve e reflexiva, na qual nos identificamos com os personagens. Então, fica a dica para seu próximo filme. Boa diversão!
P.S.: esse post teve a colaboração de Laura Milan na revisão de texto.
Mais adiante, farei um post sobre Glauber e sua grande importância para o cinema nacional. De momento, deixo o link dessa entrevista com a mãe do cineasta.
D. Lúcia Rocha foi a grande responsável pela perpetuação e preservação da obra de Glauber. Confiram.